Leão Azul está embalado na Série B | Samara Miranda / Remo

Revelado: Veja quanto o Remo pode embolsar com TV na Série A

Belém passa por uma fase de mudança no futebol com a ascensão do Remo à elite do Brasil. Pela primeira vez na história, os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro foram negociados de maneira dividida em blocos, ao invés de uma liga única ou acordos individuais.

Elenco do Remo é o segundo mais valorizado da Série B de 2025. | Dângelo Valente/Diário do Pará

A alteração que separou os clubes entre Libra e Liga Forte União (LFU) gerou novos formatos de venda, novas diretrizes para a distribuição de receitas e possibilitou projeções inéditas sobre quanto cada time poderá ganhar nas próximas temporadas.

Para o Remo, que faz parte da Libra e retorna aos holofotes da elite, o novo modelo traz não apenas estabilidade financeira, mas também a possibilidade de um crescimento econômico, desde que a equipe continue competitiva em 2026. Com base em uma pesquisa realizada pelo jornalista Rodrigo Capelo, em parceria com o economista e especialista em finanças esportivas Cesar Grafietti, sobre o acordo e as modalidades de distribuição aprovadas pelos clubes, foi possível calcular quanto o Leão poderá receber no segundo ano do contrato (2025–2029).

Levando em conta fatores como posição final na tabela, audiência acumulada e performance no pay-per-view, o Remo pode atingir R$ 150 milhões ao término da próxima temporada, apenas com receitas provenientes da televisão. Para compreender como o Leão Azul pode atingir esse valor, o DOL apresenta os métodos utilizados para a divisão da receita entre os clubes do bloco ao qual o Remo pertence, além de estimativas de quanto os azulinos podem lucrar. Verifique:

Jogadores do Remo comemoram um dos gols da vitória de virada que garantiu o acesso à Série A. | Samara Miranda/Clube do Remo

A Libra, bloco do qual o Remo faz parte, escolheu uma abordagem mais cautelosa ao firmar um contrato exclusivo com o grupo Globo, no montante de R$ 1,17 bilhão por ano, a partir do início de 2025, com validade até 2029. Ademais, os clubes recebem 40% da receita líquida do pay-per-view da emissora, um percentual maior do que o da LFU, que receberá 10% da receita bruta do pay-per-view em 2025 e 5% a partir de 2026.

A distribuição para os clubes da Libra segue a regra 40-30-30: 40% são divididos igualmente entre todos os clubes do bloco na Série A 30% de acordo com o desempenho esportivo na tabela; e 30% com base em métricas de audiência e visibilidade. Considerando as projeções para o orçamento da Libra e dos clubes (incluindo uma receita líquida prevista de R$ 500 milhões do Premiere), o grupo deverá transacionar em torno de R$ 1,36 bilhão em 2026, com cerca de nove clubes participando da divisão.

A previsão para o Remo leva em conta três situações: ótima, intermediária e desfavorável, dependendo principalmente da posição na Série A e da sua habilidade em atrair público durante a temporada, todos fundamentados nos valores e percentuais previamente divulgados pela Libra. No cenário médio, se o Remo realizar uma campanha considerada intermediária, situando-se entre a 10ª e a 14ª posição, e atrair uma audiência proporcional ao seu tamanho nacional, é provável que receba aproximadamente R$ 100 milhões.

📷 Pedro Rocha foi o artilheiro da Série B e o jogador mais valioso do elenco azulino |( Wagner Almeida / Diário do Pará)

Em um cenário otimista, caso o Leão surpreenda, fique entre os melhores e amplie sua presença na TV, o montante pode ultrapassar os R$ 150 milhões. No cenário pessimista, caso o clube permaneça na Série A, mas figure entre as últimas colocações e apresente baixa audiência, o valor do repasse pode ficar em torno de R$ 80 milhões.

No entanto, é importante ressaltar que as projeções consideram apenas os valores da televisão. Com as demais fontes de renda que o clube obtiver, o faturamento global pode exceder os R$ 200 milhões.

Quatro fatores principais explicam a variação dos valores para 2026. O primeiro é a quantidade de clubes da Libra na Série A, pois, quanto menor o número de clubes no bloco, maior será a participação individual na parte igualitária. O segundo é a receita que a emissora arrecada com os assinantes do pay-per-view, que é variável e tem um impacto considerável na divisão. O terceiro é o rendimento esportivo, uma vez que a colocação final na tabela pode corresponder a até 30% da participação anual.

Os azulinos festejando o primeiro gol que levou o time ao histórico acesso. (Thiago Gomes / O Liberal)

Portanto, a audiência e a exposição na televisão também têm um impacto direto, já que jogos com alta visibilidade e grande presença no streaming aumentam a audiência. Portanto, é crucial que o Fenômeno Azul aproveite ao máximo os pacotes de pay-per-view disponíveis. Dessa forma, a audiência variável será positiva para o Remo, e o clube poderá aumentar suas receitas com transmissões.

A análise indica que, independentemente do cenário, o Remo ingressará em 2026 com a perspectiva de um faturamento significativo na elite nacional, algo raramente observado nas finanças do clube ao longo de sua história e na história do futebol paraense como um todo.

Os valores estimados entre R$ 80 milhões e R$ 150 milhões elevam o clube a um novo nível de captação de direitos de transmissão, além de reforçar a relevância de permanecer na Série A para consolidar esse ciclo econômico.