História do Remo

Conheça

Início do Clube

O Clube do Remo, dono da maior torcida da Amazônia, foi fundado em 5 de fevereiro de 1905 e reorganizado em 15 de agosto de 1911, consolidando-se como um símbolo esportivo no Pará e um patrimônio do esporte nacional. Sua história se inicia no século XX, uma época em que o remo era um dos esportes mais praticados no Brasil. No Pará, as competições eram frequentemente realizadas às margens da baía do Guajará, atraindo uma multidão entusiasmada de espectadores.

O surgimento do Clube do Remo teve sua tomada em um episódio marcante em 1905, quando sete atletas, vinculados ao Sport Club do Pará, decidiram se afastar do clube devido a desentendimentos com outros membros da equipe antes de uma regata. Entre esses atletas estavam Victor Engelhard, Raul Engelhard, Eugênio Soares, Narciso Borges, José Henrique Danin, Vasco Abreu e Jean Marechal (Eduardo Cruz). Esses esportistas visionários optaram por fundar uma nova entidade que lhes permitisse prosseguir com suas atividades esportivas. Assim, em 5 de fevereiro de 1905, o Grupo do Remo foi oficialmente estabelecido.

O Estatuto Social do clube foi divulgado no Diário Oficial do Estado, ano XV, nº 4.049, em 9 de junho de 1905, o que formalizou sua existência legal. Um detalhe notável desse estatuto era a descrição da bandeira azulina, que consistia em um “retângulo azul-marinho, com uma âncora branca no centro, circundada por 13 estrelas da mesma cor”, simbolizando a conexão do clube com o oceano e a vastidão do cosmos.

José Henrique Danin, um dos fundadores do Remo, compartilhou detalhes sobre a causa da cisão no Sport Club do Pará, atribuindo-a a desentendimentos relacionados à formação das equipes para uma regata específica. A denominação inicial do clube, Grupo do Remo, foi escolhida a partir de uma sugestão de Raul Engelhard, que, durante seus estudos na Europa, se inspirou em um clube inglês, o Rowing Club, reconhecendo a importância do remo como uma prática esportiva global.

Em 1º de outubro de 1905, o Grupo do Remo inaugurou sua sede náutica, localizada em um edifício alugado da Intendência Municipal, situado na Rua Siqueira Mendes. Durante essa inauguração marcante, o Clube do Remo celebrou o lançamento de sua primeira embarcação, a baleeira “Tibiriçá”, marcando o início de suas atividades náuticas e consolidando sua presença no cenário esportivo local. O Clube do Remo continuaria a desempenhar um papel vital na promoção do remo e de outros esportes ao longo dos anos, contribuindo significativamente para a rica tradição esportiva e cultural da região amazônica.

Extinção e renascimento


Em 1908, o Clube do Remo enfrentou uma crise significativa, levando à perda do contrato de aluguel de sua sede e, eventualmente, à dissolução do clube após uma reunião da Assembleia Geral em 14 de fevereiro daquele ano. No entanto, alguns membros não concordaram com a decisão e decidiram assumir a responsabilidade pelos barcos pertencentes ao clube. Esses barcos foram armazenados em um galpão no terminal de inflamáveis de Miramar, sob a propriedade de Francisco Xavier Pinto, com a promessa de devolvê-los assim que o Grupo do Remo fosse reestruturado.

Subsequentemente, uma série de reuniões foram realizadas, geralmente ocorrendo no tradicional Café Manduca. Em julho de 1910, os entusiastas foram informados de que o contrato de aluguel da antiga sede com um estabelecimento comercial havia expirado e que poderiam alugá-la mais uma vez.

Foi em 15 de agosto de 1911 que Oscar Saltão, Antonico Silva, Geraldo Mota (Rubilar), Jaime Lima, Candido Jucá, Harley e Nertan Collet, Severino Poggy, Mário Araújo, Palmério Pinto e Elzeman Magalhães, com determinação, transportaram todo o equipamento do clube, previamente guardado em Miramar, de volta para a antiga sede. Esse ato notável marcou a tão célebre reorganização do Grupo do Remo, com esses indivíduos entrando para a história como o famoso Cordão dos Onze Rowers Remistas.

No dia 29 de dezembro daquele mesmo ano, o Sr. Oscar Saltão propôs a mudança do nome para Clube do Remo. No entanto, a proposta só foi aprovada pela Assembleia Geral em 1914, sendo anunciada pelo presidente da época, Nilo Penna, em 7 de agosto. Essa mudança representou um marco crucial na trajetória do clube, que expandiu suas atividades para incluir outros esportes, como o futebol, que foi incorporado em 1913.

Assim, ressurgiu o querido Clube do Remo, uma instituição repleta de glórias e conquistas, amplamente aclamada por seus fervorosos torcedores e conhecida por suas proezas inimagináveis, tanto nos campos esportivos quanto nas águas barrentas da baía do Guajará.

Início no futebol

Com o tempo, o futebol começou a ganhar destaque na sociedade paraense, atraindo a participação de várias equipes. Em 1913, o Remo incorporou o futebol em sua gama esportiva, contando com a contribuição de atletas de outros clubes, incluindo o então bicampeão paraense, União Sportiva, e o vice-campeão Sport Club do Pará em 1908. Dessa forma, o Grupo do Remo montou sua equipe com os melhores jogadores da época.

A primeira partida foi disputada em 21 de abril de 1913, em comemoração ao feriado nacional de Tiradentes, no campo da Praça Floriano Peixoto, em São Braz, local onde os jogos já eram realizados há vários anos. O adversário foi o Guarany Futebol Clube, resultando em um empate sem gols. A primeira formação azulina foi composta por Bernardino; Valrreman e Eurico; Dudu, Aimeé e Mamede; Galdino, Mário, Antonico, Dudu 2º e Rubilar.

Em 13 de maio, durante as celebrações da abolição da escravatura no Brasil, as duas equipes se enfrentaram novamente no mesmo local, mas, desta vez, os remistas mostraram um desempenho espetacular, vencendo por 4 a 1. O atacante Rubilar, um dos responsáveis pela reorganização do clube em 1911, marcou o primeiro gol da história do Remo. Neste ano, o Remo, representado por Galdino Araújo e Adolpho Silva, participou da fundação da Liga Paraense de Foot-Ball, criada com o intuito de reestruturar o futebol no estado, que estava sem um campeonato há três anos. A entidade solicitou ao intendente municipal, Dr. Dionysio Bentes, um local adequado para a realização dos jogos, recebendo a área da Praça Floriano Peixoto, que já era utilizada para esse fim.

A estreia do Grupo do Remo no campeonato ocorreu em 14 de julho, e a equipe azulina mostrou sua força ao vencer o União Sportiva por 4 a 1. A formação incluiu Bernadinho; Galdino e Lulu; Carlito, Aimée e Chermont; Rubilar, Antonico, Nahon, Infante e Dudu. Em seu primeiro Campeonato Paraense, o Remo se sagrou campeão invicto, com quatro vitórias e um empate em cinco jogos.

Para celebrar o título, o Remo recebeu uma bela taça importada da Alemanha pela firma Krause, Irmãos e Cia. A taça tinha 60 centímetros de altura e peso de 700 gramas, repousando sobre um pedestal de cedro com uma placa gravada com a inscrição “LIGA PARAENSE DE FOOT-BALL – CAMPEONATO DE 1913”. O troféu foi entregue ao Grupo do Remo pelo Dr. Gama Malcher, presidente da Liga, em 20 de fevereiro de 1914.

A partir desse primeiro triunfo, o Remo não parou mais, conquistando seis títulos seguidos e se tornando heptacampeão paraense. Durante esse período, o clube disputou 51 jogos entre 1913 e 1919, com 43 vitórias, seis empates e apenas uma derrota, que foi contra o União Sportiva em 1916, resultando em um placar de 2 a 1. No entanto, o Remo se recuperou com uma vitória expressiva por 7 a 0 no mesmo ano.

Década de 50

A década de 1950 foi um período marcante para o Clube do Remo, com a conquista do vice-campeonato em 1951, seguido pelos títulos estaduais consecutivos nos anos de 1952 (de forma invicta), 1953 e 1954. Nesse mesmo período, no cenário nacional, a música “Paraíba Masculina”, de Luiz Gonzaga, estava em evidência. Motivado pelo tricampeonato, Pery Augusto, editor do jornal Flash, estampou em sua primeira página a manchete: “Remo, time macho, sim senhor!”. Essa expressão logo se tornou famosa entre os torcedores, que passaram a entoar uma adaptação do cântico durante os jogos: “Re-mo, Re-mo, time macho, sim senhor”.

Década de 60

Após a sequência vitoriosa nos anos de 1952, 1953 e 1954, o Clube do Remo enfrentou um período de espera até celebrar outro título, que finalmente veio em 1960. Esta edição do campeonato foi marcada por uma duração incomum, estendendo-se desde o mês de maio até junho do ano seguinte. O regulamento já previa uma competição prolongada, no entanto, uma decisão judicial acabou agravando ainda mais a situação, contribuindo para a extensão atípica do torneio.

Década de 70

No início da década, em 1971, o Clube do Remo obteve uma das conquistas mais significativas de sua história: a Taça Norte-Nordeste, uma fase regional do Campeonato Brasileiro Série C naquele ano. A conquista desse título já estava prevista no 7º artigo do regulamento oficial da competição, emitido pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Vale ressaltar que o Leão Azul já havia chegado perto do troféu duas vezes, ficando com o vice-campeonato nos Torneios Norte-Nordeste de 1968 e 1969.

Década de 80 – A crise

Durante a década de 1980, o Clube do Remo enfrentou um período difícil marcado por um acúmulo de dívidas, o que o afastou temporariamente das conquistas, enquanto observava seu arquirrival, o Paysandu, erguer o troféu diversas vezes. Apesar das dificuldades, o Leão Azul alcançou a final da Taça de Prata, também conhecida como Taça CBF, em 1984, porém, acabou como vice-campeão ao perder a decisão para o Uberlândia-MG.

Década de 90, a de ouro

Os anos 90 foram um período de destaque na história do Clube do Remo, caracterizado por uma hegemonia regional e conquistas notáveis em âmbito nacional. Essa época foi tão marcante para os torcedores do clube que ficou conhecida como “A Década de Ouro”.

No ano de 1991, o Clube de Periçá participou pela segunda vez da Copa do Brasil no primeiro semestre. Inicialmente, enfrentou o Rio Branco-AC, eliminando o time com uma vitória por 4 a 1 no Baenão, após um empate em 0 a 0 no primeiro confronto. Em seguida, o Leão avançou ao derrotar o Vasco da Gama com base no critério de gols marcados como visitante, após empates nas duas partidas (0 a 0 em Belém e 1 a 1 no Rio). Nas quartas-de-final, o Vitória-BA não resistiu ao poderio do elenco remista, perdendo em casa por 2 a 0 e empatando em 0 a 0 no jogo de volta. Infelizmente, nas semifinais, o Remo não foi capaz de superar o Criciúma-SC, comandado por Luiz Felipe Scolari, que mais tarde se sagraria campeão da competição. A brilhante campanha realizada pelo Filho da Glória e do Triunfo permanece até hoje como a melhor de um time do Norte na história da Copa do Brasil.

Nesse mesmo ano, sob a liderança de Valdemar Carabina, o Remo conquistou mais um tricampeonato estadual (1989, 1990, 1991). É importante ressaltar que tanto o título de 1989 quanto o de 1991 foram alcançados de forma invicta. Ao longo das três temporadas, o Leão disputou um total de 68 jogos, vencendo 51, empatando 15 e perdendo apenas dois.

Década de 2000

Durante a década de 2000, o Clube do Remo passou por altos e baixos, enfrentando desafios e conquistando alguns feitos notáveis em sua história. Apesar de não ter alcançado o mesmo brilho de décadas anteriores, o clube continuou a lutar em várias competições, tanto em nível regional quanto nacional. Em 2004, o Remo conquistou o Campeonato Paraense, garantindo mais um título para sua extensa galeria. Esse feito reafirmou a força do clube no cenário estadual e proporcionou uma celebração memorável para os torcedores apaixonados.

Ao longo da década, o clube enfrentou desafios financeiros e administrativos, refletindo-se em sua performance esportiva. Apesar das dificuldades, os torcedores permaneceram fiéis e continuaram a apoiar o time em todas as competições em que participou. O Clube do Remo manteve sua tradição de revelar talentos e desenvolver jovens jogadores, contribuindo para o fortalecimento do futebol local e regional. Sua presença contínua nas competições reforçou a importância histórica do clube e seu impacto duradouro no cenário esportivo paraense. Apesar dos desafios enfrentados ao longo da década, o Clube do Remo demonstrou sua resiliência e dedicação em continuar representando a paixão e o orgulho de sua torcida, deixando um legado duradouro no futebol paraense e no panorama esportivo nacional.

Atualmente

Apesar de todas as conquistas regionais e nacionais, o Clube do Remo vive um momento atual de pouco brilho. Após diversas diretorias que não conseguiram implantar um bom trabalho, hoje o clube de maior torcida do Pará tem que se contentar em disputar a terceira divisão do Campeonato Brasileiro, sem nenhuma projeção de melhora. O clube continua trabalhando firme nas categorias de base, porém, a falta de investimento e captação de recursos pequena, torna o clube pouco competitivo.